Vejo a vida passar...
Tão
somente tola por minha janela
surge-me singela
Pintando
em tom canela
Degride
minha tela
Amas
chamas em vela
Vela meu
ser para não ser como ela
Num
efeito, defeito feito mordidas de cadela
Sinto-me
preso em sua cela,
Envolto
em um cinto sem fivela ,
Rasuras,
marcas de uma cidadela
A qual
lutei por ela
E ela
não luta por mim?
Vejo a
vida passar...
Fluir
sem primavera
Um
rabisco em aquarela
Surge-me
como uma rosa amarela
Em uma
passarela
Embora
detestável, és bela
Uma flor
que ninguém rela
Em
cheiro de citronela
Um
reflexo no vidro de minha janela
gata borralheira, vida de cinderela
Pois acho
que fiz muito por todos
E todos
não fizeram nada por mim
Vejo a
vida passar...
Por
entre os dedos de mera donzela
Tinta
manchada com o sangue dela
Um ato
covarde que mela
Na
vida o mistério martela
O
corpo miserável de marmela
A vida
passa e se esgoela
Queimando
o resto de minha moela
O
corpo velho, tão velho ficou na tigela
Me diz a alma tagarela
que tudo
o que fiz foi nada
E nada do
que fiz foi muito