sábado, 7 de abril de 2012

VEJO A VIDA PASSAR


Vejo a vida passar...
Tão somente tola por minha janela
 surge-me singela
Pintando em tom canela
Degride minha tela
Amas chamas em vela
Vela meu ser para não ser como ela
Num efeito, defeito feito mordidas de cadela
Sinto-me preso em sua cela,
Envolto em um cinto sem fivela ,
Rasuras, marcas de uma cidadela
A qual lutei por ela
E ela não luta por mim?

Vejo a vida passar...
Fluir sem primavera
Um rabisco em aquarela
Surge-me como uma rosa amarela
Em uma passarela
Embora detestável, és bela
Uma flor que ninguém rela
Em cheiro de citronela
Um reflexo no vidro de minha janela
 gata borralheira, vida de cinderela
Pois acho que fiz muito por todos
E todos não fizeram nada por mim

Vejo a vida passar...
Por entre os dedos de mera donzela
Tinta manchada com o sangue dela
Um ato covarde que mela
Na vida o mistério martela
O corpo miserável de marmela
A vida passa e se esgoela
Queimando o resto de minha moela
O corpo velho, tão velho ficou na tigela
Me diz a alma tagarela
que tudo o que fiz foi nada
E nada do que fiz foi muito

SOU


Sou noite, sou dia
Sou canção, sou melodia
Sou o ritmo e a poesia
Sou o dia de calor e a madrugada fria
Sou a coragem da covardia
Sou tristeza e alegria
Sou uma folha em branco
Um escrito em braile
Sou a praça e o banco
A dança e o baile
Sou tudo, sou nada
Sou o mundo na poesia rasgada
Sou confirmação e negação
Ação e reação


Sou um  grande pequeno risonho
Sou gangster de serenos sonhos
Sou desenho, arte e realidade
Sou o cão que late a verdade
Sou coleira, cólera de dor
Sou sol e amor
Sou criança e ranho
Sou a poupança em um banho
Sou flor e espinho
Eterno de terno, só mais um mano
Sou uma cor, bem clarinho
Sou solidez, nudez, apenas humano
Sou quem te afasta e também quem te chama
E acima de tudo sou quem te ama